12 de março de 2010

Cerca de 70% dos professores aderem à greve em Ourinhos


Cerca de 70% das escolas estaduais da cidade de Ourinhos havia aderido à greve até ontem, 10, de acordo com Maria Aparecida Chiachia Pasta, coordenadora da sub-sede da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo). “Estamos com um índice aproximado de 70% no geral. Têm escolas 100% paradas, outras com 80% e escolas com menos de 50%. Então estamos fazendo uma média de 70% de paralisação na cidade de Ourinhos”, afirmou Chiachia, em entrevista ao JD.

Hoje, 11, o Sindicato realiza assembleias regionais para avaliar o movimento. Na sexta-feira, 12, haverá assembleia estadual, para que os professores aprovem novos encaminhamentos, a partir da avaliação de cada região. “Aqui em Ourinhos vai ter uma assembleia no dia 11, à tarde, às 15 horas e estamos convidando todos os professores para que participem e que passem os nomes para ir à São Paulo. Estamos com um ônibus a disposição, que vai sair na sexta, às 7 horas e vamos participar da assembleia às 15 horas o MASP”, ressaltou a coordenadora.

“São várias razões para a nossa paralisação como já está divulgado nos panfletos. Mas, o principal deles é que o governo não respeita a nossa data-base - que é em março - e vem atacando os professores na mídia e colocando matérias que não são verdadeiramente a realidade das escolas e colocando sempre a culpa dos alunos não irem bem nas provas fora das salas de aula nos professores. Então tudo é culpa dos professores, mas ele(governo) não respeita os professores. As provas que ele está submetendo os docentes efetivos, a prova de mérito que ele colocou, entre outros vários motivos”, explicou a professora ao ser questionada sobre os motivos da greve por tempo indeterminado.

A representante da categoria, assim como outros professores que estavam na sub-sede do Sindicato local, mostraram indignação em relação às provas, as quais os professores foram submetidos no final de 2009.

“Por conta de uma lei complementar, fez essa prova e passou na frente desses professores universitários, que mesmo por conta da carga horária que têm dentro da sala de aula não têm tempo de estudar legislação ou de se atualizar, e os universitários que não estão trabalhando com os alunos têm mais tempo para estudar para a prova, então eles passaram na frente desses professores”, contou Chiachia ao destacar que muitos dos aprovados no concurso ainda estão na metade do curso de graduação e que parte da bibliografia indicada pelo governo não foi encontrada.

Além de universitários, muitos bacharéis em outras áreas foram aprovados no processo seletivo, segundo a APEOESP. “Advogados, engenheiros, tecnólogos, todos esses profissionais, que não sabem como é diariamente a sala de aula, que não tem a pedagogia, passaram. Por conta de uma prova ele jogou no lixo o trabalho dos professores que têm se especializado em pedagogia e não em legislação. Os docentes trabalham em sala de aula com vários problemas e vem esse profissional de outra área. Ele só fez isso com os professores”, protestou a sindicalista ao exemplificar que, ”por exemplo, por que não coloca um dentista para fazer cirurgia do coração? Ou vice e versa? Por que agora os professores podem ser substituídos em sala de aula? Então não precisa mais fazer licenciatura”.

Ao ser perguntada sobre as consequências da paralisação para os estudantes e sobre a aprovação, ou não, da medida, Chiachia foi enfática: “tenho conversado com alunos e pais e eles estão nos apoiando, devido a proposta que o governo implantou em 2008 daqueles livrinhos. Os alunos reclamam muito disso. Eles deixam de aprender muita coisa e vão prestar vestibular, o ENEM e não têm como. Essa proposta é para amarrar o professor e tira a liberdade de cátedra do docente. Uma sala é diferente da outra, tem sala que é mais questionadora, mais crítica e você tem que trabalhar todas as salas igualmente. Existem alunos que são melhores, que querem mais do professor e você fica amarrado naquela proposta do governo”, finalizou.

O que diz o Governo?

Na manhã de ontem, 10, em nota o governo do Estado informou à imprensa, que as escolas estaduais funcionaram normalmente na terça-feira, 09, apesar da tentativa de greve promovida pelo sindicato dos professores, a APEOESP. A responsabilidade demonstrada pela quase totalidade dos 220 mil docentes do Estado é uma prova de que a tentativa de greve é um movimento político, inimigo da educação paulista e contrário aos interesses da categoria. A adesão ao movimento foi de cerca de 1% do total de professores da Rede Estadual de Educação.

Em nota, a secretaria rebate as reivindicações do sindicato afirmando que a APEOESP "declarou guerra ao conjunto de programas que permitiram a evolução no ensino público estadual paulista". A nota afirmou ainda que a folha de pagamentos da pasta cresceu, entre 2005 e 2009, de R$ 7,8 bilhões para R$ 10,4 bilhões, um crescimento de 33%.

A secretaria defendeu que a lei que limitou as faltas justificáveis em seis por ano reduziu em cerca de 60% o número de faltas na rede, o que teria melhorado o aprendizado oferecido nas escolas.

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