16 de março de 2010

Rádios Comunitárias: Os verdadeiros donos

Confesso que quando passava às noites de quinta-feira ouvindo as orientações e posições do professor Niva Miguel, durante as aulas de Jornalismo Comunitário da Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA) imaginava que todo o tempo gasto ouvindo as reflexões do mestre sobre Rádios Comunitárias e seus padrinhos políticos, era perdido.


Porém, na manhã de ontem, ao pegar o jornal Estado de São Paulo, e ler a matéria: Políticos viram despachantes de luxo e apadrinham rádios comunitárias, pude perceber que o tempo não foi perdido, mas muito bem aproveitado. A cada linha lida, concluía que os ensinamentos de Miguel em relação ao “neocoronelismo eletrônico” não estavam equivocados.

Deputados, principalmente os federais, acompanham de perto todo o trâmite para que uma organização e/ou associação conquiste a sonhada concessão para colocar no ar a transmissão de uma Emissora Comunitária.

Além dos parlamentares, que apadrinham as Rádios, com o intuito de obter um maior apoio em seus colégios eleitorais durante os pleitos, vereadores e prefeitos, são os maiores beneficiados com a instalação dos veículos de comunicação dito “comunitários”. Esses políticos se aproveitam dos programas veiculados pelas Emissoras para atingir um determinado público, com um custo baixo e chegam a formar filas nas portas das Rádios das Comunidades para garantir um número cada vez maior de votos.

A matéria escrita pelas jornalistas Ana Paula Scinocca e Eugênia Lopes, mostra que as Rádios que foram reconhecidas legalmente há 12 anos, são “Ligadas a entidades que quase sempre têm um político municipalista por trás, um prefeito ou um vereador” e que “as rádios comunitárias são concedidas depois que os políticos federais desempenham o papel de despachantes de luxo no Ministério das Comunicações”.

Os políticos, com reconhecimento nacional, pressionam o Ministério para acelerar todo o processo de autorização dessas emissoras. “A estimativa é de que cerca de 50% das 3.911 rádios comunitárias, que hoje funcionam legalmente no País, tenham contado com as bênçãos de padrinhos políticos”, destaca o texto.

“Depois da legalização, em 1998, o boom das comunitárias ocorreu no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando foram autorizadas em apenas três anos 1.707 emissora. Em pouco mais de sete anos do governo Lula, foram legalizadas 2.204 comunitárias mais de 300 ao ano”, relata a matéria.

Agora fica a pergunta, qual é o verdadeiro papel da Rádio Comunitária? Dar voz à comunidade ou ser palanque político?

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