12 de julho de 2010

Indignação

Estou eu,em frente ao PC preenchendo o formulário de inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) 2010. Não era para mim, mas sim para o meu namorado, que cursou dois anos de História, traçou a faculdade e agora quer fazer Educação Física.

Coloquei cada dado em seu devido lugar, li com atenção, até que surge em minha tela a famosa cor da pele. Apenas para constar, o Mauricinho é negro e tem 1,88 m de altura. Mas, para o Governo, que prega a bela política social e racial, sem nenhum tipo de preconceito, ele é um preto de 1,88 m de altura.

Confesso que quando li aquilo, quase surtei de raiva. Então quer dizer que não posso chamar meu amiguinho de preto, nem de amarelo, mas posso preencher uma fica de inscrição com esses dizeres? Isso significa, que de uma maneira hipócrita, os pretos e amarelos, quando os dados do ENEM forem divulgados em porcentagem, irão se tornar x % de negros e x% de japoneses?

Achei estranho e logo veio a minha mente, o dia em que briguei com o diretor da minha escola, quando ainda estava na 5ª Série para não responder uma pergunta do Saresp sobre a cor da minha pele. Lá estava o famoso “PRETA”. Lembro-me que na hora falei para o seu Vanderlei: “Aqui tem alguma caixa de lápis de cor para eu ser preta?”.

Depois de colocar cada coisa em seu lugar naquele formulário, me bateu uma revolta e pude ver que no Brasil o preconceito ainda é velado, mesmo que seja sem querer.

Talvez minha indignação com essas coisas passe somente quando meus filhos estiverem com 20 anos. E olha que não tenho nenhum.

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